Inspirações

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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Capítulo Dois 

No caminho, lembrou dos momentos que tiveram naquele "cantinho", a antiga estação de trem da cidade, que estava abandonada . Foi o primeiro lugar que ele a levou quando se conheceram. Queria mostrar para ela, todos os lugares da cidade. 
Logo de cara viraram amigos. A chácara de seu pai era ao lado da dele, onde morava com os pais e sua irmã mais nova. Foi a primeira pessoa que conheceu naquela cidade e sempre que visitava seu pai, davam um jeito de se encontrar.

O lugar favorito dos dois era lá, na antiga estação de trem, e sonhavam com o dia em que ela fosse restaurada e virasse ponto turístico. Mas enquanto isso não acontecia, era para eles um "cantinho" para leitura. Cada um levava um livro e ficavam ali por horas lendo, depois trocavam seus livros e por fim conversavam sobre o que tinham lido.

Mas não era só isso, conversavam sobre tudo, era uma amizade bem intensa. Pensando bem agora, Nayla se lembrava de algumas vezes em que seus olhares se cruzaram e de ter uma sensação estranha, porém nenhum dos dois admitia.

Um dia, ele fez uma declaração, dizendo que gostava de Nayla além da amizade. Na hora ela ficou apavorada, disse que ele estava confundindo as coisas e que ela só o queria como amigo. Acho que tinha medo de dar tudo errado e perdê-lo, não suportaria isso.

Após isso as coisas ficaram um pouco tensas entre eles, mas aos poucos foram melhorando e voltaram a ser amigos novamente, como eram antes, como se nada diferente tivesse acontecido.

Até que um dia ele revelou que estava namorando com a Valquiria, que também era visinha deles. Ficou arrasada com a notícia e não entendia o porquê? Queria que ele fosse feliz, então porque não gostava do fato de que ele estava namorando? Agora ela tinha entendido o porque! 

No último encontro deles e no local de sempre, conversaram bastante e brigaram também. 
Nayla não se conformava em saber que ele estava de casamento marcado para dali a dois meses. 
Como assim? Como ele iria se casar, assim tão rápido? Foi aí que por um impulso, tomou a decisão e lhe roubou um beijo. Foi o melhor beijo da sua vida. 
No começo Thales até retribuiu, mas logo depois a afastou e disse que era tarde demais para eles, que ele iria se casar e não podia trair sua noiva daquela maneira. Brigou com ela e foi embora. 
Por isso, quando Nayla voltou para ir ao casamento, não quis falar com ele. Não saberia o que dizer, após aquele dia. Mas agora tudo era diferente, estava indo na direção do seu amor e vibrava por isso.

Quando chegou na estação ele estava lá, sentado no banco que limparam e decoraram para ser deles. Ele a viu e levantou-se. Nayla ficou na dúvida se corria para os seus braços ou se ia bem devagar para apreciar aquele momento. 
Thales estava lindo, ainda vestido de noivo. 
O cabelo ondulado bem ajeitado com um sorriso que fez o seu coração acelerar. Decidiu então andar bem devagar e apreciar a "paisagem".

Quando chegou bem perto, sentiu o perfume dele, era bom demais e sua vontade era abraçá-lo, mas decidiu conversar com ele primeiro.

- Oi estranho! Você vem sempre aqui? -  cumprimentou sorrindo.

Ele deu uma gargalhada e a puxou para mais perto, se abraçaram e enfim o beijo aconteceu. 

Agora sim era um beijo de verdade, ambos sabiam o que queriam e a certeza de que aquele amor era verdadeiro e eterno. 

Não soube dizer com precisão quanto tempo ficaram ali se beijando, era bom demais, muito difícil de parar e não queriam parar, mas fizeram uma pausa, pois precisavam conversar. 
Sentaram de mãos dadas um de frente para o outro e então ele começou.

- Fico feliz que o seu pai tenha me procurado! 

- Eu também! E fico feliz que você tenha largado tudo para ficar comigo. - respondeu Nayla sorrindo.

- Eu não podia continuar com aquilo. Já fazia um tempo que estava infeliz, sinceramente, nem sei porque aceitei marcar aquele casamento, esse é um dos meus arrependimentos. 

- Um dos? Quais seriam os outros? 

- O outro, você quer dizer! Claro que foi não ter reagido quando você me beijou. Eu não fiz nada, não tomei nenhuma atitude e não disse para você o que eu sentia, fui covarde!  - disse Thales com os olhos marejados.

- Eu te entendo!  Você ficou confuso comigo. Primeiro eu te reneguei, dizendo que só queria a sua amizade e depois de um tempo eu te beijo e demonstro interesse? Acho que você imaginou que era apenas ciúmes de amiga, uma ilusão e que eu não estava certa do que sentia, não é mesmo? 

- Sim, eu fiquei confuso! Mas e você? Está confusa agora ou tem certeza do que quer e do que sente? 

- Claro que tenho certeza! Thales eu te amo, e muito mais do que como amigo, pena só ter percebido isso agora. - e uma sensação de tristeza misturada com alegria invadiu seu coração. 

- Que bom Nayla! Eu te amo também! Pena ter demorado pra perceber que era você que eu queria, devia ter tido coragem para lutar por você.

- Não vamos nos lamentar. O que importa é que estamos juntos agora! 

- Graças ao seu pai! Sabe o que ele me disse quando me procurou em casa? - Nayla fingiu que não sabia, esperando ouvir dele.

- Seu pai me disse que estava cansado de ver nós dois tristes, que desde que nos conhecemos ele sabia que éramos apaixonados um pelo outro e que não entedia o porquê não estávamos juntos ainda!? 

- Pois é!  E olha que eu nunca tinha falado com ele sobre isso, ele percebeu tudo sozinho! - concluiu e ficou pensando no quanto seu pai era observador. 
- Acho que deve ser devido a sua profissão, a sensibilidade e atenção de um fotógrafo.

- Fico feliz que ele tenha me procurado. Achei que não tinha mais saída, mas ele me deu esperanças e me mostrou que realmente nunca é tarde para mudar nada em nossas vidas e caminharmos para a felicidade! 

Nayla não aguentou aquelas palavras lindas e o abraçou forte, não queria mais largá-lo, só o largou para beijá-lo novamente.

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